...
Depois do café ela tinha que ir até a feira da cidade
vizinha comprar alguma comida já que a geladeira estava completamente vazia.
Fiona ficou chorosa quando saíram e Catarina sabia muito bem
que não era por causa dela.
_Parece que você e a Fiona tornaram-se amigos mesmo, nunca
vi ela assim com ninguém!
_Ela é uma boa cachorra – foi só o que ele disse.
Andaram pela trilha até o rio que teriam que atravessar para
chegar até a cidade.
A terra não estava tão úmida, o que facilitou a caminhada,
mas o calor estava sufocante e em pouco tempo Catarina estava suando sem parar,
mas reparou que Miguel não parecia se incomodar com a temperatura.
_Eu gostaria de saber quem sou, é muito frustrante não saber
quem sou, nem o que faço aqui – desabafou ele.
_Você vai descobrir logo, tenho certeza.
A viagem de canoa foi tranqüila, era a parte que Catarina
mais gostava, ver a superfície imaculada da água movendo-se sossegadamente ao
passo que prosseguiam sempre a deixara relaxada.
Miguel parecia compartilhar do mesmo sentimento, já que
apenas olhou as águas e a mata ao redor com olhos de admiração.
A feira trazia o mesmo burburinho de sempre com pessoas alardeando
por toda parte seus produtos, no começo ela ficou muito confusa quando viera
ali as primeiras vezes, agora já se acostumara.
Miguel andou com ela por toda a feira sem reclamar, seu pai
quando vinha não agüentava meia hora, se dependessem dele, eles viveriam de
frutas das árvores apenas e mais nada, tudo para não ter que vir até ali.
O caminho de volta foi mais comunicativo, Catarina contou
para Miguel todos os detalhes do lugar e os costumes, disse até que a
comunidade onde estavam estava preparando uma grande festa para os deuses
naquela noite, uma festa de origem indígena.
_Você vai gostar muito, eu tenho certeza.
_Eles fazem festa a que?
_Aos bons espíritos, tem dança, é muito bonito.
Um vento forte começou a soprar quando estavam no meio do
lago e Catarina sabia que aquele não era um bom indicio, já que o tempo ali
mudava rapidamente e com o calor que fazia, a chuva estava próxima.
Eles seguraram-se com força na pequena embarcação, mas o
vento aumentava cada vez mais tornando a tarefa de chegarem ao outro lado mais
difícil a cada minuto.
Uma rajada de vento especialmente forte soprou e Catarina
que estava na ponta da canoa não conseguiu segurar-se e caiu na água.
Ela afundou rápido nas águas escuras, o susto de cair deixou
sua reação mais devagar e em segundos ela atingiu o fundo do rio que deixara de
ser de águas calmas.
Catarina nunca fora uma eximia nadadora, mas sabia nadar,
porém seus pés prenderam-se em alguma coisa e ela, por mais esforço que fazia
não conseguia subir de volta a superfície.
Seu ar estava acabando, ela sentia que aquele era o fim.
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