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sábado, 3 de novembro de 2012


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_Eu estou com medo – disse ele tão baixo que ela quase não ouviu.
_Medo? Por quê?
_Tenho medo do que estou sentindo e medo de não gostar de descobrir quem eu sou na verdade.
A garota sabia do que ele estava falando, seus medos também eram esses.
Ele olhou-a intensamente nos olhos por alguns segundos, mas foi o suficiente para deixar a garota sem ar.
Sem qualquer aviso ele foi aproximando-se cada vez mais dela e quando seus lábios a tocaram ela soube que ele não era um ser comum, humano nenhum seria capaz de ser tão suave e intenso ao mesmo tempo em um beijo, mas ela rendeu-se a seus sentimentos e apenas beijou-o com toda a energia de seu ser.
Quando eles separaram-se ele sorriu para ela afetuosamente e pegou sua mão beijando os nós de seus dedos.
_Eu não sei quem sou, nem de onde venho, mas eu sei o que estou sentindo por você. Eu te amo, Catarina.
_Eu também te amo – disse ela num sussurro.
Beijaram-se longamente e por várias vezes até que ela, contra a própria vontade disse que precisava ir dormir e eles separaram-se.
Como a vida era uma surpresa sem fim, como é que ela poderia dizer a alguém que ela conhecia a apenas um dia que sentia por ele um amor tão profundo quanto era possível? Catarina sempre acreditou que para sentir algo daquela magnitude era preciso muito tempo de convivência e certas características como as que todo mundo dizia, tinha que ser uma ideal de pessoa pré-concebido, mas agora ela sabia que estava errada, que sempre estivera errada.
Para amar alguém era preciso somente estar diante do amor de sua vida e o sentimento nasceria com a rapidez de uma erva daninha.
Mesmo no auge de seus 17 anos ela sabia que nunca, mesmo em toda uma existência ela sentiria aquilo por qualquer outra pessoa.
Sua mente enveredou por sonhos que estavam entre a felicidade de estar com Miguel e o desespero do que a curandeira lhe falara.
A manhã seguinte amanheceu com chuva, uma chuva torrencial com raios e trovões reverberando por toda parte.
Catarina acordou bem cedo, a tempo de fazer o café de seu pai, mas, assim que abriu os olhos viu, próximo ao seu rosto um orquídea cor de rosa com gotas da chuva, e um sorriso inundou seu rosto imediatamente.
Ela arrumou-se e saiu de seu quarto com a flor em mãos e encontrou a mesa posta e Miguel sentado á porta fazendo carinho em Fiona.
Antes que ela dissesse qualquer coisa a porta do quarto de Paulo abriu-se e ele surgiu terminando de abotoar a camisa.
_Bom dia, Miguel, bom dia, filha.
Eles tomaram o café em silêncio e pouco depois Paulo saiu empolgado para suas pesquisas deixando Miguel e Catarina sozinhos.
_Como você entrou no meu quarto? – quis saber ela.
_É um segredo!
_Obrigada pela flor.
_Deixei-a perto de você para que ela visse como você é mais bela do que ela.
Mais uma vez ele não comeu nada no café, mas ela afastou tais pensamentos, não queria pensar em tais coisas naquele momento.

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